SMART LINKS

quarta-feira, 6 de junho de 2012

CIÚME: A BESTA DO “AMOR”!


A frase de Paulo “o amor não arde em ciúmes” acaba com muitos dos disfarces de amor que, pelo ciúme, vestimos no nosso engano ou autoengano.

É muito ciúme a encharcar as nossas almas adoecidas!

Sim; e tudo feito em nome do amor; de um amor que é tudo, menos amor; e que seria melhor designado como posse, ou poder, ou controle, ou vaidade, ou insegurança, ou propriedade, ou carência, ou medo, ou mesquinharia, ou idolatria afetiva, ou culto ao sangue familiar, ou sentimento narcisista, ou implicância, ou antipatia, ou simplesmente de maldade.

Assim, deve-se não apenas pensar no ciúme que nasce no coração de cônjuges ou namorados frágeis ou mesmo supostamente donos daqueles a quem pensam amar [...], mas, também, incluir em tal lista de enciumados [...] os amigos, os pais, o avós, os tios, os parentes, os irmãos, os filhos, os patrões, os pastores, e todo aquele que diz que sente ciúmes do que ama, gosta, lhe pertence ou é seu há mais tempo...

Esses tais são os que acham que amor e relacionamentos são baseados em usocapião.

Vejo, não apenas entre cônjuges e namorados — os classicamente detentores do direito mortal ao ciúme —, mas também entre outros [...] como os que acima mencionei [...], a doença do ciúme e suas expressões desgraçadas de amor falsificado.

São pais com ciúme do amor que seus filhos recebam de outras figuras paterno/maternas, como se ter um filho amado ou que ame a outros com qualidade que expresse um tipo de ligação filial/paterna fosse uma desgraça, uma perda, uma blasfémia; ou são avós sofrendo da mesma mesquinharia de alma, quando sentem que seus netos amam um outro que igualmente os ame, com amor de qualidade semelhante ao que vincula netinhos e avós; ou irmãos que passam a odiar aqueles que recebam e doem fraternidade e irmandade aos seus irmãos de sangue [sangue!... grande porcaria!]; ou amigos que fiquem loucos de raiva contra todo outro amigo do amigo supostamente amado; ou parentes que passam a antipatizar qualquer um que seja objeto de amor equivalente ao que se dê a um bom tio, tia, primo, ou relativo, sem que nada oficial ou sanguíneo una o tal “parente afetivo” àqueles aos quais os supostos parentes de direito devotem amor enciumado como sendo um ente/objeto da família...

No caso dos patrões, pastores, ou pessoas que exerçam influencia sobre outras, não é nem em nome do amor que sentem seus ciúmes, mas em nome de uma fidelidade adquirida pela vinculação institucional, o que faz de tal ciúme algo equivalente ao ciúme de um dono de fazenda pelas suas vacas e crias no pasto.

Sou filho de uma família na qual havia os filhos e os afilhados, desde os meus bisavós; e ambas as categorias se tornavam a mesma coisa para o coração; posto que tanto os filhos quanto os afilhados, os que tinham laços de sangue e os que eram filhos do afeto sem DNA, fossem igualmente amados e aceitos por todos.

Meus avós, paterno/materno, praticaram isto a vida toda. Cresci ouvindo meus pais se referirem aos afilhados de seus pais como irmãos, e amando-os como tais. E mais: eram contados na soma dos filhos dos meus avós e como irmão deles; digo: dos meus pais e tios.

Quando conheci o reverendo Antônio Elias e sua esposa, Maria José, depois de um tempo, passei a chamá-los de pai e mãe, e nunca senti que meus pais se achassem diminuídos por isto; afinal, era amor; e mais: meus pais me amavam de fato, e, portanto, pela lógica do amor, amavam também a todos os que genuinamente me amassem e eu a eles.

Mas o que vejo toda hora [...] são filhos zangados com os pais se eles amam outros entes [ou enteados] como igualmente filhos; ou tios irados contra novos tios do afeto; ou amigos sentindo-se traídos por novas amizades de seus amigos; ou avós enlouquecidos pelo fato de que seus netinhos tenham avós do coração; ou pais separados que não admitem uma relação de amor entre seus filhos e os novos cônjuges de seus ex-cônjuges; ou pais se sentindo diminuídos pelo fato de os filhos passarem a amar e ser amados pelos seus sogros como filhos a pais e vice-versa; etc...

Para tais pessoas [...] parece que o melhor cenário seria aquele no qual seus filhos/pais/netos/amigos/parentes [etc...] fossem desprezados em cada nova relação fora daquela que com eles acontece.

Sim! Este é o tipo de amor que dizem ser amor e que por eles é sentido!...

Deus me livre de tal amor, venha ele de onde vier. Não o quero. De fato, o abomino!

Que amor é esse que não ama também àqueles aos quais os que amamos venham a amar ou por eles venham a serem amados numa qualidade sublime de amor?

Ora, é fácil dizer: não é o amor que faz tais demandas, mas sim o sentimento mais animal e demoníaco possível; o qual é inferior ao que existe na natureza dos instintos entre muitos animais, em meio aos quais, por exemplo, uma tia aliá [elefanta] cria um elefantezinho como mãe, etc...

Assim, digo a você:
Não se submeta às cobranças de ciúmes loucos feitas em nome de amores que odeiem aos amem você ou que detestem aos que você ame com amor sadio e verdadeiro!

Sim; pois aceitar que assim seja é abraçar doenças como se virtudes fossem.

Eu jamais me submeti e nem me submeterei a essa baixaria menor do que animal; pois, se amo, também amo a todos aqueles que amam aos que amam; assim como não aceito que aqueles que digam me amar demandem que meu amor se encolha para mais amores nesta vida.

O principio bíblico é simples:
Aquele que ama o Pai, também ama a todo aquele que Dele é nascido; ou seja: a todo outro a quem Ele chame filho e a Ele chame de Pai!

O que passar disto vem do diabo!

O diabo é que ensina esses amores do inferno em nome da posse, do sangue, do DNA, do direito, ou de qualquer outro pretexto anti-vida.

Esta é minha reflexão para você no dia de hoje!


Nele, em Quem somos todos filhos adotivos [...] e o Único Unigênito do Pai não sente ciúmes de nós, antes por nós se deu, e decidiu que tudo o que era Dele seria nosso também, sendo Ele nosso irmão mais velho e nós Seus co-herdeiros,

Caio                            Acesse: www.caiofabio.net

A QUEDA DE SATANÁS E AS NOSSAS QUEDAS SATÂNICAS!...


Paulo nos diz que a queda de Satanás deu-se em razão da soberba; e quando assim afirma faz uma advertência quanto a que não se “ordenasse” ninguém espiritualmente imaturo para o ministério do serviço aos santos; ou seja: à Igreja.

Na realidade pouco se sabe sobre essa “Queda de Satanás”, exceto pelas referencias arquetípicas que aparecem em Isaías e Ezequiel, a primeira relativa à soberba de Babilônia e a segunda concernentemente à soberba do Rei de Tiro.

No mais, não fosse pela alusão que Paulo faz à soberba do diabo e sua queda [laço], pouco ou nada se teria, posto que tudo o mais nos venha das construções judaicas extra bíblicas e do aproveitamento delas pelos primeiros “pais da Igreja”.

No entanto, havendo [...], como de fato há a figura real de Satanás, pouca coisa faz tanto sentido espiritual e psicológico, como atribuir sua “queda” ao pecado da soberba; ou seja: ao seu Narcisismo; e, nesse caso, a lenda grega do Narciso seria a versão não bíblica do fenômeno satânico do auto-encantamento com a própria beleza, grandeza, poder e formosura [...] — o que refletiria o Inconsciente Coletivo Humano como fonte de informação de tal ocorrência oculta nas sombras da Bíblia.

O fato, todavia, psicologicamente, é simples: toda criatura dotada de dons especiais corre o risco de surtar de paixão por si mesma!

E mais:

Seja isto [...] relacionado ao que quer que seja, porém, inevitavelmente este é um fenômeno que nunca se desvincula dos poderes da genialidade, da inteligência, da beleza, da força de persuasão, do charme encantador, do poder de influenciar, da capacidade de se fazer maior ou melhor [...] aos sentidos dos demais.

Entretanto, em nenhum espaço psicológico tal fenômeno encontra melhor ambiente de expansão do que na “vivencia do divino”; ou seja: na experiência do santo, do ungido, do espiritualmente elevado, do superdotado de dons; sejam dons de sabedoria, de conhecimento, de profecia, de milagres, de curas, de persuasão pela palavra..., etc.

A alma humana tem no Sublime que se aplique à criatura a sua maior e mais insidiosa tentação!...

É quando a criatura se acostuma a ser tão especial, que, não se esquecendo de si mesma [...], todavia, se esquece apenas da Fonte de Origem da Graça que a tornou tão especial.

Este é o pecado da virtude; o pecado da maravilha; o pecado da beleza [seja ela de que nível e perspectiva possam ser]; o pecado do poder que influencia e mobiliza; o pecado dos contemplados; o pecado dos seres singulares; o pecado dos celebrados; o pecado dos ungidos; o pecado dos profetas; o pecado dos líderes; o pecado dos que carregam oráculos; o pecado dos mestres; o pecado dos gurus; o pecado dos mensageiros que passam a crer que a mensagem é deles!

Ora, em qualquer ambiente da existência tal pecado se oportuniza; porém, quando acontece de ele ser vinculado explicitamente ao “divino”, então, sua potência e profundidade não têm termos de comparação.

Um homem ou mulher belo; um indivíduo rico materialmente; um político influente; um artista extraordinário; um empresário de sucesso; um grande proprietário; etc... — frequentemente se tornam arrogantes, altivos, soberbos e enfatuados; porém, nunca no nível dos que associam seus poderes aos da “divindade”.

Quando, porém, a “virtude” decorre da “representação” de Deus na existência, então tal surto se torna incontrolável em suas expressões de grandeza e delírio!...

Até mesmo os grandes reis e imperadores, ou mesmo líderes políticos como Hitler, precisaram de alguma forma de “unção divina” para que seus surtos de grandeza atingissem os níveis satânicos que alcançaram; e isto pode ser verificado em exemplos que nos vêm da antiga Suméria, dos gregos clássicos, dos babilônios, dos persas, dos romanos, dos papas cristãos, dos profetas e mulás políticos do islã, ou mesmo dos governantes políticos ungidos do protestantismo.

Entretanto, nada se compara em dissimulação de virtude satanizada e oculta [...] aos que exercem os papéis de ungidos do Senhor nos ambientes da religião; seja ela grande ou pequena; seja a partir de uma grande catedral ou no fundo de um quintal; seja com estolas e aparatos ou apenas com chapéu de palha na cabeça [...]; mas se o povo olhar para tal pessoa como o representante de Deus, então, inevitavelmente Satanás ali encontrará o seu lugar de instalação gradual e poderosa.

Daí a ênfase do Novo Testamento ser no Corpo de Cristo, e não em indivíduos como expressão de dons, carismas e poderes!

Sem que os dons sejam um exercício coletivo de poderes e graças, no Corpo de Cristo, todos surtam e tudo se sataniza. Sim; ninguém escapa!

Ora, até mesmo na coletividade do Corpo de Cristo, sem que o espírito simples de diaconia e serviço sejam a regra áurea, o surto inevitavelmente aparece; não na expressão do “eu sou”, mas na ufania do “nós somos”.

Não foi à toa que Noé, o salvador do mundo antigo tenha sido profanado sexualmente pelo seu filho Cão, pois, do contrário, seria mais do era como homem aos nossos sentidos; ou que Abraão tenha vacilado e duvidado, tomando Hagar para mulher, pois, do contrário, seria uma emanação de Deus no mundo; ou que Moisés tivesse que ter sido relativizado pela desobediência, não entrando na Terra da Promessa, pois, de outra feita, ele seria o Cristo; ou que Jó tenha tido suas iras e raivas expostos ante a tortura dos seus “amigos”, pois, sem que assim o fosse, ele nos seria “o varão de dores, e que sabe o que é padecer”; ou que Davi, o homem segundo o coração de Deus, tivesse que ter mostrado a sensualidade do seu coração de homem, pois, de outra forma, seria o rei dos reis; ou, para não irmos longe demais, que Pedro não tivesse negado e vacilado em algumas ocasiões, pois, em assim não tendo sido, seria mesmo, para todos [...], o Papa dos Papas; ou que Paulo não tivesse que ter carregado um espinho na carne, pois, de outro modo, seria um Médium entre o 3º céu e os homens.

São as revelações dessas desvirtudes humanas que salvam alguns humanos muito especiais de terem o destino de Satanás!

Aquele, porém, que não confessa os seus pecados, ou que não tem a benção de que eles sejam percebidos, ou que venha a dissimulá-los muito bem, em geral demonizam-se gradualmente sem que o percebam; e, mais adiante, tornam-se satanases de tropeço para si mesmos e para o povo.

Daí também a ênfase de Jesus em que o maior se tornasse o menor; que o mais elevado fosse o servo de todos; que o mestre fosse o que lavasse os pés dos demais; e, sobretudo, que se buscasse um lugar de humilhação diante dos homens, para que pudéssemos ser exaltados diante de Deus.

Sim; Jesus não apenas nos mandou sermos humildes de espírito, mas mesmo ordenou que nos humilhássemos diante dos homens; pois, do contrário, o coração de qualquer um viaja da vaidade à soberba sem que a pessoa note.

É somente em fraqueza que o poder de Deus pode se aperfeiçoar em nós; posto que a nossa natureza humana seja essencialmente satânica quando exposta ao “divino” sem que o seja em fraqueza.

O caminho da glória de Deus em nós é o caminho da nossa relativização consciente e confessada; bem como é a vereda do gloriarmo-nos nas nossas próprias fraquezas; pois, somente assim, em fraqueza, seremos fortes no poder de Deus.

Assim, somos remetidos para o caminho da fraqueza, do arrependimento que se confessa, da debilidade que se declara, da condição humana que não se esconde; e, sobretudo, somos remetidos a buscarmos em nós “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”; a fim de não cairmos no caminho satânico da usurpação do que é de Deus [...] e em nós esteja por Sua absoluta Graça.

Desse modo, quando vemos pessoas exaltando seus dons, ou convidando outras para provarem de seus poderes carismáticos; ou ainda: estimuladas pessoas a irem ao “lugar/divino/instituído para a manifestação do poder de Deus [...]; saibamos: estamos sendo cantados e seduzidos pela voz do próprio Satanás.

Olhemos para Jesus, que nunca fez propaganda de Si mesmo; e que não permitia que se divulgasse o que Ele mesmo fazia; posto que andasse segundo o Pai, e não segundo o diabo.
  
Nele, que a Si mesmo se humilhou e foi obediente até a morte, e morte de Cruz,
  
Caio          Acesse: www.caiofabio.net

VOCÊ CANSOU DA BONDADE?...


Nós, humanos, temos enorme facilidade de mudarmos para o mal; está na nossa natureza caída esta tendência; e, entregues a nós mesmos, é da nossa perversa natureza a inclinação mutante para o que não seja aquilo para o que fomos criados.

Difícil mesmo é mudarmos dia a dia para o melhor de nós; para a semelhança de Deus; para o amor, a alegria, a paz, a bondade, a longanimidade, a mansidão e o domínio próprio.

Entretanto, mudarmos na direção do que seja bom é como subir uma ladeira, é como entrar pela porta muito estreita, é como escolher o caminho que poucos escolhem percorrer, é como nadar contra o fluxo das correntezas, é como a vereda aquática do salmão buscando morrer no lugar onde aconteceu a sua origem...

A maior evidencia dessa capacidade natural de piorar a gente se observa nas crianças. Sim, lindas, santas, puras, espontâneas, livres, abertas, perdoadoras, e tudo de bom; mas que, logo, logo, pelas influencias recebidas, não demoram a aprender aquilo que lhes dês-configurará em relação ao que um dia tiveram como divina beleza natural.

Outra grande evidencia é a mudança negativa do santo; sim, daquele que conhecemos humilde, simples, ensinável, feliz na fé, amante dos pequenos, paciente, temente a Deus, puro de coração, limpo de lascívias, receoso de magoar, de humilhar, de falar mal, de gritar de raiva, de irar-se, de se tornar deveras exigente, de nunca esquecer a gratidão; sim, sempre olhando para trás e vendo o que recebeu de graça, o que lhe veio como dádiva, o que não lhe era natural, mas que nele foi enxertado, aplicado e inserido contra a sua própria natureza —; mas que, com o tempo, com o hábito ao sublime, ou com alguns serviços prestados [supostamente a Deus, à causa, ou ao próximo], começa a sentir-se dono de si mesmo, da sua natureza, dos seus direitos; lentamente tornando-se patrão da vida, exigente, impaciente, descontrolado, arrogante, sem pequenas compaixões [às vezes mantendo apenas as grandes compaixões], porém, sem cuidado no trato geral; e, desse modo, arrumando concessões para si mesmo; praticando auto-indulgências antes inconcebíveis; e, sem que o note, bem gradualmente, vai se desfigurando [...], como disse, sem que isto lhe seja perceptível; sim, sem que sua feiura lhe seja revelada; especialmente se um dia a vida com Deus foi muito real, o que, paradoxalmente, agora, lhe serve de álibi para ser contra o que foi chamado a manifestar no ser.

Jesus disse que o sentimento de demora acerca da Vinda do Filho do Homem geraria essas mutações em muitos; todavia, deve-se interpretar esse sentir de demora também como o passar do tempo da vida da gente na fé, ou como a não realização do bem por nós crido, ou também como cansaço em relação ao trabalho do amor [...], que é como o de enxugar gelo, sem recompensas e sem férias; ou ainda: como a exaustão de si mesmo, quando as dinâmicas da renovação do amor não aconteceram em nós pelo habito ao sublime, ou pelo autoengano de que já se alcançou demais ou bastante no entendimento do Evangelho.

Daí a advertência de Paulo quanto a não nos cansarmos de fazer o bem a todos os homens!

Sim; o que nos salva de tal processo [o qual é inevitável que a todos os santos acometa de um modo ou de outro, uma hora ou outra, numa ou noutra estação da vida], é o desafio não seletivo de que se deva fazer o bem sempre e a todos os homens.

Do contrário, elegemos ocasiões, pessoas e circunstâncias para as expressões das nossas bondades, e, quanto aos demais, ficamos indiferentes, ou, em alguns casos, especialmente ante aos chatos, descuidados, cronicamente tropeçantes, ou quanto àqueles que nos perturbam [...] — deixamos de ser aquilo que, para os nossos eleitos, nós somos, ou, pelo menos, buscamos ser...

Eu creio no que digo, tanto quanto sei o que digo; pois, em mim mesmo, provei tais sutilezas!

Durante mais de vinte anos meu coração não vacilou na bondade, na paciência, na longanimidade, na humildade, no coração sempre quebrantado em relação ao meu próximo; até que [...] veio o cansaço; o cansaço do bem sem retorno; a exaustão em relação à recalcitrância crônica; o desanimo quanto ao que o bem poderia produzir de mudança nos outros; e, assim, bem devagar [...], sem que eu notasse, fui caindo no amor seletivo, na bondade por eleição, na virtude seletiva; e pior: lentamente fui assumindo conceitos mundanos como se fossem os únicos modos de lidar com certas pessoas ou situações; até que percebi que me havia desconvertido do chamado do amor e da minha vocação essencial.

Ora, a volta ao início de tudo [...] acontece pelo reconhecimento desse desvio do ser; o que, sem apelação, deve ser seguido pelo exercício da entrega dos nossos direitos e razões; os quais devem se expressar também contra toda e qualquer disposição de provar que se está certo; ou de termos pena da nossa solidão na busca do bem; e, sobretudo, pela nossa convicção contra nós mesmos [...]; a fim de que aconteça o Paulo recomenda: “Para que não façamos o que seja do nosso próprio querer!

Maturidade de entendimento que não se renove pela humildade e pelo quebrantamento no exercício do bem, apenas gera pessoas seletivamente bondosas; e nos põe no caminho liso das virtudes escolhidas e praticadas para pessoas pré-selecionadas; o que, sem dúvida, é também hipocrisia.

Em meio a isto tudo [aprendi na prática com o meu pai; além de ser um principio da Palavra], deve-se ficar quieto; suportar certas coisas em silêncio; e, se tivermos que tratar delas, buscarmos fazer com toda humildade e mansidão; ainda que estejamos esmados de direitos próprios ou adquiridos.

Entretanto, sei em meu próprio coração como é sutil o caminho para tal desvio; e pior: como é difícil percebê-lo em nós uma vez que ele entre em estado de concubinato com as nossas virtudes selecionadas [...] e com nossos direitos adquiridos pela via do cansaço solitário na pratica do bem.

Ora, a checagem do nosso coração quanto a tais coisas tem que ser mais que diária; de fato, deve ser caso a caso, o dia inteiro; posto que baste um precedente para que a insuportável leveza desse surto se reinicie em nós!

Portanto, não nos cansemos de fazer o bem a todos os homens; sim, pois somente deste modo a nossa salvação se desenvolve em nós; nunca esquecendo que também é essencial que não percamos a alegria e a exultação da esperança da gloria de Deus como vocação da nossa vida; do contrário, as forças do cansaço nos dominam e nos corrompem sem que as sintamos em operação em nós.
  
Nele, em Quem o caminhar não tem férias, embora deva acontecer em descanso,
  
Caio                                               acesse: www.caiofabio.net

RESIGNAÇÃO, RENÚNCIA E PACIÊNCIA: AS BASES DO CARATER DE JESUS EM NÓS!


Estas são as três palavras mais alienígenas à consciência cristã atual. As novas gerações nem sabem mais o que elas significam, de tão estranhas e distantes que se tornaram do cotidiano existencial, psicológico e espiritual de quase todos nós.

Hoje o que se tem é Frustração, no lugar de Resignação, Impotência, no lugar de 
Renuncia, e Ansiedade no lugar de Paciência!


Ora, a morte de tais palavras foi obviamente precedida pela morte dos seus valores e significados nas praticas e nas consciências dos cristãos.

Entretanto, até a uns quarenta anos antes de hoje [...], ainda era comum ouvir-se discípulos de Jesus dizendo que se haviam resignado ante uma impotência; ou que

haviam renunciado a algo que poderiam fazer, mas que julgavam não deveriam realizar; ou mesmo que haviam decido esperar com paciência no Senhor alguma coisa, ao invés de morrerem de ansiedade, ou mesmo de buscarem aquilo com obstinação imorredoura.


Certamente as três palavras não significam a mesma coisa, mas mantêm conectividade intrínseca entre elas próprias!

Resignação é o que se assume ante perdas ou impossibilidades, não necessariamente ruins em si mesmas. Assim, resignar-se é assumir que algo não foi possível, mas isto sem as dores da impotência magoada. Ou seja: a resignação é uma atitude positiva ante a negatividade da existência, sem que seja conformismo.


Renuncia, por seu turno, é uma atitude positivamente arbitraria da consciência ante algo que se pode fazer, mas que se julgue não seja conveniente ou edificante realizar apenas por que se possa [...]; embora o coração o deseje e possua a potência para tal. Desse modo é que se renuncia a se dar respostas que suscitem a ira, ou abre-se mão de direitos certos, ou abdica-se de poderes que estejam em nossas mãos; e isto em nome de algum valor superior da fé e da consciência. Desse modo, na renuncia, pode-se, mas não se deve fazer ou acolher aquela coisa ou situação como exercício de poder, de potencia.


Já a Paciência é, muitas vezes, tanto uma resignação temporária quanto também uma renuncia em compasso de espera —; posto que se resigne o não realizar ou ter aquilo ou alguma coisa por uma impotência total, ou também por dever de consciência, ou mesmo por uma impossibilidade temporária; e decida-se renunciar aquilo ou algo por amor a pessoas ou à sabedoria imposta pelos tempos e circunstâncias; e isto tudo implica em exercer paciência. Ora, a Paciência é a ciência da Paz na Espera. De fato trata-se de uma paz-ciência. E mais: a paciência se conforta na esperança e na certeza das promessas de Deus mediante a fé; e, por isto, alegra-se enquanto aguarda.

Ora, esta três palavras/virtudes são membros ativos do espirito de todo sacrifício de fé.

E mais:

Pelo exercício de tais virtudes o coração cresce em esperança e alegrias não aduladas; portanto, amadurece, se faz forte, enrijece-se, ganha integridade e adquire caráter e amor!

Não existe caráter que possa ser forjado em nós sem resignação, renuncia e paciência!

Sim, isto é fato; e é Lei Psicológica e Espiritual da Vida segundo Deus!

Hoje, entretanto, com a Teologia da Adulação, que é essa Demonologia da Prosperidade a qualquer preço, tudo isto morreu entre os cristãos. Sim, pois resignar-se é coisa de quem não tem fé; renunciar é um sentimento de covardes; e paciência é coisa de quem não conhece a “confissão positiva” ou os poderes mágicos para “fé rehma”, da fé que determina por seus próprios poderes de fé/onipotente.

O resultado disso tudo é mais do que visível entre nós; ou seja: dando certo [...] surge a geração esnobe, presunçosa, caprichosa, onipotente, arrogante, perversa, altiva, orgulhosa, mecânica, obstinada, adulada e desobediente; e, dando errado, quando as coisas não acontecem conforme a crença mágica, surge o outro lado dessa mesma geração, que é ansiosa, inquieta, carente, fraca, frustrada, amargurada, queixosa, rixosa, insatisfeita, descontente, cínica, egoísta, desalmada, e, sobretudo, sem esperança, amor e fé.

Assim, você que me lê hoje, saiba:

Não existe a menor chance de que se desenvolva o caráter de Jesus em nós, ou seja: o caráter do Evangelho — sem que se volte a praticar, como ato de fé consciente, a resignação ante aquilo que nos seja uma impossibilidade, ainda que temporária; a renuncia como expressão da supremacia da consciência sobre o poder e a potencia; e a paciência como a ciência da paz na espera grata e confiante no melhor de Deus para nós.

No fim tudo isto tem a ver com amor; pois o amor faz resignações quando tudo sofre e não se ressente do mal; faz renuncias quando não age inconvenientemente e não se alegra com a injustiça; e exerce paciência quando tudo espera, tudo crê e tudo suporta.

Quem souber outro modo de ser de Jesus e de desenvolver o caráter do Evangelho, amadurecendo segundo Cristo, e que não seja este aqui clara e simplesmente exposto, então me ensine; posto que eu não conheça outra forma de crescer em Deus, de adquirir amor, de desenvolver integridade e consistência interior, a não ser mediante as praticas dessas virtudes do amor, as quais, entre nós, se tornaram bobagens e tolices a serem evitadas pelos poderes de He-Man.

Recordo-me como se fosse hoje o dia [março/abril de 1991] quando o Edir Macedo me disse que ele iria acabar com essa igreja de fracos e tristes, e que só viviam de resignações, de renuncias e de paciência.

Que coisa nenhuma!... O meu evangelho não conhece essas coisas! Vou acabar com essa igreja de fracos! A fé não vai pra frente e não conquista nada porque o povo foi ensinado assim... Estou aqui pra acabar com isso!” — foi o que ele me disse, no seu gabinete na TV Record, com os olhos ardendo com certa raiva do passado.

O problema é que ele de fato conseguiu o que pretendia!

Com temor e tremor, Nele, que venceu fazendo resignações, pois, sendo rico se fez pobre por amor de nós; que venceu pela via de muitas renuncias, posto que tudo podendo decidiu apenas poder segundo a vontade revelada do Pai; e que carregando a autoridade para mudar montanhas de lugares, decidiu subir com paciência o monte da Caveira para nos salvar,

Caio                                  Acesse: www.caiofabio.net

A PAZ IGNORADA OU DESCONHECIDA!


O Evangelho nos faz promessas que para a maioria parecem ser apenas poesia existencial, especialmente em tempos de tanta inquietação, angustia, pânico, medo, carências, frustrações, ansiedades, frenesi de alma, medo de solidão, angustia de silencio, crises existenciais, conflitos de identidade sexual, vazio de significado, culpa neurótica, paranoia, desequilíbrio mental e emocional; esburacamento afetivo, superficialidade de sentimentos, fraqueza de decisões, obrigatoriedade de ceder a tentações, dúvidas constantes sobre a fé, confusão acerca do significado de Jesus e do Evangelho —; enfim, tempos de tanto anti-evangelho instalado na alma e na existência; e por cuja Era de Morte afirmações como as que fez Paulo acerca da “paz de Cristo que excede a todo entendimento”, ou da “paz de Deus em nossas mentes e corações”, ou mesmo da “paz de Cristo como o arbitro nos nossos corações”, parecem ser totalmente poéticas, irreais e inalcançáveis.

Isto porque a paz que excede ao entendimento se tornou algo que precisa ser o resultado de tudo o que se entenda em nosso favor e como conforto pessoal; e nunca algo que possa existir para além do entendimento e das lógicas do conforto caprichoso.

a paz de Deus em nossas mentes e corações é algo aceito como harmonia de todos os nossos desejos e circunstancias, sem contratempos, doenças, dores ou mínimos desconfortos ou dissabores.

E a paz de Cristo como arbitro nos nossos corações tem que ser o conluio de Deus com todas as nossas vontades, apelos, venetas e delírios; do contrário, que paz pode haver?

Sim, nesses dias de angustias supremas e desejos soberanos, paz é algo que não importa, desde que estejamos angustiadamente de posse de tudo o que loucamente sonhamos!

Desse modo, paz é tudo dar certo, conforme o nosso planejamento; é a realização de todos os nossos caprichos; é a expressão de nossa importância, ainda que de modo angustiado; é reconhecimento relacional; é nossa relevância social; é dinheiro; é propriedade; é poder; é ter; é realizar; é ser alguém, ainda que seja no Facebook...

Jesus disse: “Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou”; e disse que se tratava de uma paz que o mundo não conhecia e nem poderia conhecer.

Ora, Paulo disse que essa Paz de Deus em nós, e que excede o entendimento, e que arbitra o bem em nossos corações, convive com todas as contradições da existência e não foge do viver jamais. Assim, diz ele, essa paz existe em meio à rejeição, ao aperto financeiro, ao desprezo, às opiniões que nos degradem, às angustias por fora e às lutas por dentro; e até mesmo quando somos considerados espetáculo de morte a homens e principados e potestades.

Sim, é paz que mesmo nada tendo, pois possui tudo; e que mesmo carregando no corpo o morrer, vive para Deus em suprema alegria de ser!

A teologia sempre buscou diminuir as implicações de tal paz de Deus em nós; isto quando dicotomizou-a, criando a categoria da paz com Deus como algo inicial, até que se alcance a paz de Deus, o que seria um estágio para os mais elevados na fé. Assim, a paz com Deus é coisa para quem foi basicamente salvo e perdeu o medo do inferno; já a paz de Deus é o bem dos santos superiores, os quais transcenderam a este mundo — coisa rara!

Jesus, entretanto, apenas disse: “Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou; não a dou como a dá o mundo!

Desse modo, trata-se de uma mesma e única paz; e que excede ao entendimento mundano; e que é paz de Deus no cerne do ser; e que é o árbitro do que se deve e não se deve ser e fazer segundo Deus!

Tal paz decorre de estar em Cristo; Nele enraizado pela fé; Nele justificado e santificado; Nele tendo nossa advocacia eternamente gratuita; Nele tendo nossa intercessão e Seu sustento como Sumo Sacerdote; Nele provando a glória de Deus como galardão existencial em fé, hoje; Nele permanecendo pela obediência em fé ao mandamento do amor e do perdão; Nele comendo a vontade de Deus também já Nele totalmente revelada; Nele vivendo em gratidão; Nele celebrando a Graça até nos absurdos; Nele provando contentamento em razão de nos sabermos herdeiros de bens superiores; Nele absolvidos; Nele justificados; Nele mortos e ressuscitados; Nele já assentados em lugares celestiais; Nele já mais que vencedores; Nele postos acima de todo principado, potestade e poder; Nele crendo que aquele que Dele se alimenta, por Ele e Nele viverá!
Ora, esta paz pode não ter casa própria, mas tem morada na casa do Pai; pode não saber do pão de amanhã, mas agradece o de hoje; pode não ter nome a ser reconhecido, mas sabe que tem um novo nome, o qual ninguém conhece; pode ter muito, pois não confiará em quantidade; pode não ter nada, pois não temerá a escassez; pode nada poder, pois sabe Quem pode por nós; pode nada possuir, pois já é rico de tudo o que somente se pode carregar no coração!

Sim, esta paz pode sepultar filhos, pois sabe que não os perdeu; pode viajar da sepultura ao casamento, posto que no primeiro celebre as bodas eternas, e no segundo caso a bela alegria da relatividade humana; pode chorar sem tristezas mortais; pode sofrer com doces dores celestiais; pode ser acusado, e ainda assim dormir com anjos; pode ser visto como lixo e escoria, porém, apesar disto, se saber coroado em gloria com apóstolos e profetas.

Tal paz não sente pena de Jó, mas em sua fé se regozija; não lamenta por João Batista, pois sabe que ele foi um dos poucos que nunca perdeu a cabeça; não acha estranho que frequentemente os dias mais felizes sejam os mais destituídos de poder; não inveja nada; não ambiciona; não julga que seja de fora que nos possa vir o nosso bem; não é dono de nada, posto que já seja herdeiro de toda a Terra, e de muitos outros mundos, camadas e dimensões!

Tal paz não morre, pois aquele que por ela é possuído já é herdeiro da vida eterna; não sente fome, pois come o pão dos significados; não sente sede, posto que dele jorre uma fonte que salte para a eternidade; não julga nenhuma tragédia final, pois sabe que a verdadeira vida e felicidade não estão disponíveis aos sentidos mortais.

Sim, essa paz é Deus em nós; é a possessão da loucura divina contra as logicas deste mundo de morte; é poder que passa fome, mas não transforma pedras em pães; é a decisão de descer pela escada do Pináculo, ao invés de dele pular como autoconfiança messiânica; é arbítrio supremo que diz não a Satanás nos lugares mais altos...

Ora, isto não é poesia! Sim, isto não é a sedução evangelizadora do “Cristianismo angustiado” na busca de prosélitos; e não é a “cantada” de Jesus aos incautos!

Esta paz é real; existe; é possível; está ao alcance do coração de qualquer um que creia e se entregue sem medo e sem discussão com Jesus e Sua Palavra!

Esta é a paz de quem morre para as falsas importâncias do tempo/espaço e se entrega apaixonadamente ao amor invisível de Deus!

Todavia, esta paz somente é possível para os que morreram para o mundo; os quais se fizeram vivos para Deus!

Afinal, esta paz não é deste mundo; e este mundo não a pode conhecer e nem mesmo conceber. Ora, como disse Pedro: “Foi por esta razão que o Evangelho foi pregado a mortos, para que, mesmo mortos na carne, vivam para Deus”.

Aquele, porém, que quer ter seu galardão neste mundo, este, então, tome boas doses de ansiolítico e aguente o tranco; pois, a paz de Cristo jamais será uma possibilidade para o cidadão escravizado aos mortais galardões e falsas importâncias deste planetinha de cardos, abrolhos, angustias e recompensas de fumaça, fogo, sangue e fumo de agonia.

Nele, em Quem creio, por isto digo o que provo para mim como possibilidade, caminho, verdade e vida,

Caio                                     Acesse: www.caiofabio.net